A ideia de que o PageRank é um “sistema de domínio” é uma das mitologias mais chatas que a gente precisa deixar para trás.
Ele sempre foi um sistema de página. O domínio te dá uma base, claro, mas quem faz o trabalho pesado é a página, acumulando a própria relevância. É por isso que dá para bloquear um concorrente direto em um tópico específico, mesmo que ele tenha um domínio forte.
Quando você mira em uma palavra chave específica, o Google não está te jogando numa piscina vazia, ele te coloca num espaço temático. O clique é a moeda nesse jogo.
- Google vê cliques em um tópico;
- Você ganha credibilidade naquele tópico;
- Aos poucos, você expande a sua “pegada de autoridade” para os tópicos adjacentes.
É uma coisa orgânica, onde os tópicos se sobrepõem como círculos. Se a galera que pesquisa “como fazer café” também pesquisa “moedor de café silencioso“, tem uma ponte ali que você pode cruzar.
A autoridade não é uma grande mancha de tinta, mas um conjunto de círculos temáticos sobrepostos, crescendo com base no seu desempenho dentro de cada nicho.
A Canibalização no Contexto da Autoridade de Página
E é por isso que a canibalização – quando mais de uma página do seu domínio disputa a mesma palavra-chave – não é só um erro de organização, é um desperdício de autoridade.
Você está fazendo duas páginas competirem por um único sinal de relevância que poderia ir todo para a melhor delas.
O Google é uma Máquina de Utilidade, Não um Crítico Literário
Essa foi a parte que mais me fez pensar: o Google não é um mecanismo de apreciação de conteúdo.
A gente romantiza o Google como se fosse um juiz lendo com atenção, dando nota para a “qualidade” ou “prosa”. Não é.
O trabalho dele é classificar as páginas por utilidade, e essa utilidade é medida por sinais externos, comportamentais e econômicos. Não é uma competição de arte, é uma competição de entrega.
O YouTube é o exemplo perfeito. O Google não assiste aos seus vídeos para decidir se eles são bons. Ele presta atenção no comportamento do usuário: o tempo que a pessoa passa, se ela volta, se ela interage.
Isso é uma indicação escalável, barata e real de utilidade. A internet é grande demais para ser avaliada manualmente.
Os Backlinks são Votos de Confiança
Nesse contexto, os backlinks deixam de ser “decorações” ou “estrelas de status” e voltam à sua função original: votos de confiança.
Um backlink é a prova de que alguém, em algum lugar, apontou para a sua página e disse: “Vale a pena direcionar outras pessoas para cá”.
E a cereja do bolo é que esses cliques se comportam de maneira parecida com os backlinks. Quando você junta o voto (o link) com o comportamento do clique (o tempo que a pessoa gasta), você obtém uma proxy funcional para a confiança e a relevância. Não é filosoficamente puro, mas é muito funcional.
Perder um punhado de backlinks em um tópico que você está fortalecendo pode ser menos impactante do que a gente pensa.
O Google pode interpretar seu tráfego crescente dentro daquele tópico como um ganho de autoridade, mesmo que o gráfico de links externos tenha dado uma balançada. É tudo uma aproximação de PageRank, relevância e sinais comportamentais.
O SEO é um Jogo Mecânico, e Isso é Libertador
O sistema é muito mais simples e mecânico do que a mitologia do SEO nos faz crer. E essa é a melhor notícia, porque sistemas mecânicos podem ser raciocinados, observados e adaptados. Eles não pedem fé, apenas a sua atenção.
A verdade é que a recompensa do mecanismo não é a qualidade isolada, mas o resultado dessa qualidade quando ela encontra o mundo real:
- Links
- Cliques
- Interações repetidas
O trabalho se resume a ser relevante, publicar de forma consistente dentro do seu espaço temático e construir, aos poucos, o tipo de sinais que mostram que o que você está fazendo é valioso para alguém além de você mesmo.
É só focar nisso, sem a barulheira de tentar agradar um robô com truques, e deixar a observação guiar o caminho.