A verdade é que todo mundo está usando prompts de IA para marketing, mas pouca gente sabe o que está fazendo.
Vejo o mercado inundado por profissionais de marketing que tratam ferramentas de Inteligência Artificial como se fossem um oráculo mágico ou, pior, como um mecanismo de busca glorificado.
O resultado disso é óbvio – textos genéricos, estratégias rasas e aquela sensação incômoda de que “falta alma” no conteúdo. O problema raramente está na tecnologia. O problema está na pergunta.
Se você quer extrair algo valioso dessas ferramentas, precisa entender que a engenharia de prompt não é um termo chique para complicar sua vida, é basicamente a habilidade de delegar tarefas com precisão cirúrgica.
Pense na IA como aquele estagiário genial, que leu todos os livros do mundo, mas que não tem nenhuma vivência de rua e zero contexto sobre o seu negócio. Se você não der a direção exata, ele vai alucinar ou te entregar o óbvio.
O contexto é o rei da conversa
A maioria dos erros começa na falta de cenário. Você chega e pede “escreva um e-mail de vendas”. A ferramenta vai te devolver um modelo padrão que poderia servir para vender seguro de vida ou ração de cachorro.
Para sair da média, você precisa investir um tempo na preparação. Antes de pedir a execução, explique o jogo. Diga quem é sua empresa, qual é o tom de voz que vocês usam – se é mais corporativo, irreverente ou técnico – e, principalmente, quem está do outro lado da tela lendo isso.
Eu gosto de imaginar que estou conversando com alguém real. Eu digo: “Olha, eu vendo software para pequenas empresas que estão afogadas em planilhas, meu tom é direto e empático, e o objetivo desse e-mail não é vender agora, é apenas conseguir uma resposta”.
Quando você abastece a ferramenta com esses detalhes, a resposta muda da água pro vinho.
Defina quem está no comando
Uma das táticas mais simples e eficientes que uso é atribuir um papel à IA. Parece bobagem, mas faz uma diferença absurda na qualidade do raciocínio.
Ao invés de apenas jogar a tarefa, comece dizendo: “Aja como um estrategista de marketing sênior com 20 anos de experiência em produtos de cheirinho para casa“.
Automaticamente, o algoritmo ajusta o vocabulário, a estrutura lógica e a profundidade da resposta. Ele deixa de ser um assistente geral para tentar simular a expertise que você solicitou.
Isso me ajuda muito quando preciso sair da minha bolha e enxergar um problema por outro ângulo, seja o de um copywriter agressivo ou de um analista de dados metódico.
A arte da iteração
Aqui é onde os amadores desistem. Eles fazem o primeiro prompt, a resposta vem “nota 6” e eles concluem que a IA não serve.
O segredo está no vai e vem. O primeiro resultado quase nunca é o final. Você precisa refinar. Leia o que foi gerado e devolva o feedback na hora: “ficou muito formal, deixe mais coloquial”, “esse segundo parágrafo está confuso, simplifique”, ou “me dê exemplos mais práticos para o item 3”.
Trate como uma conversa de trabalho. Você não aceitaria o primeiro rascunho de um colaborador sem fazer apontamentos, então não aceite da máquina. É nesse ajuste fino que você molda o conteúdo para que ele fique imperceptível aos olhos do leitor final.
Clareza no formato e nas restrições
Outro ponto que salva horas de edição é ser explícito sobre o que você não quer. Muitas vezes, dizer o que deve ser evitado é mais importante do que dizer o que deve ser feito.
Se você não quer clichês como “no mundo de hoje” ou “revolucione seu negócio”, diga isso claramente no prompt. Se precisa de uma tabela, peça a tabela. Se o texto tem que ter menos de 200 palavras porque é para uma legenda de Instagram, estabeleça esse limite.
A ferramenta não adivinha sua intenção, ela segue instruções. Quanto menos ambíguo você for, menos tempo vai perder consertando o trabalho da IA depois.
No fim das contas, a ferramenta escala a sua competência – ou a sua falta dela. Se você não entende os fundamentos do marketing, o melhor prompt do mundo não vai salvar uma estratégia ruim.
Mas se você tem a base sólida e aprende a “falar a língua” desses modelos, você ganha uma velocidade de execução que era impossível há alguns anos.
O segredo não é decorar bibliotecas de prompts prontos, é entender a lógica da comunicação clara e aplicar isso ao seu dia a dia.