Olha, faz tempo que eu estou nesse jogo de conteúdo e marketing, o suficiente para sentir o cheiro das mudanças antes que virem notícia.
E, nos últimos meses, tem um cheiro estranho no ar, uma saturação que não é só de volume, mas de textura.
Parece que tudo online está começando a vibrar na mesma frequência, e essa frequência é um pouco robótica demais.
Tenho visto uma enxurrada de feeds inundados com o mesmo padrão: ganchos idênticos, formatos que parecem feitos em série, guias “definitivos” que não dizem nada de novo, e o pior, um tom idêntico em todo lugar.
É como se o conteúdo estivesse sendo gerado não por pessoas, mas por conteúdo que foi gerado por conteúdo. É um ciclo vicioso de polimento que, no final das contas, soa vazio.
O Problema Não Está nos Criadores, Está no Sistema
Não culpo os criadores por entrarem nessa roda-viva, porque o problema é sistêmico. As plataformas, de um jeito ou de outro, estão recompensando a velocidade acima da originalidade.
É a velha máxima de “quem publica mais rápido e com mais frequência ganha a atenção”.
O que acontece no bastidor é meio óbvio, mas vale a pena detalhar, porque afeta a gente, que está tentando ser real: As ferramentas de IA estão sendo treinadas em um volume colossal de posts que, adivinhe só, foram gerados por outras IAs.
É um espelho quebrado refletindo uma imagem cada vez mais distorcida.
Os criadores usam IA para tentar acompanhar esse volume insano. É uma corrida armamentista onde o padrão de entrada é a perfeição superficial.
E o público? A fadiga da audiência está lá, visível. A gente já não clica ou consome com a mesma curiosidade de antes, porque a gente sabe que a experiência vai ser, na melhor das hipóteses, previsível.
O resultado dessa confusão é que qualquer coisa que seja “humana” – mais lenta, mais pensada, com aquele toque de imperfeição – parece ineficiente.
Você pode se dedicar a criar algo autêntico, mas na lógica do algoritmo, é um post jogado no vácuo, enquanto o conteúdo replicado de forma rápida domina a tela.
O Ponto de Virada: O Valor da Autenticidade
A parte mais interessante dessa crise da mesmice é o que está começando a acontecer em reação a ela.
É uma reviravolta sutil, mas que estou percebendo cada dia mais: a autenticidade está voltando a ser uma vantagem competitiva.
Não é mais só sobre quem grita mais alto ou publica mais vezes.
O que está ganhando força, o que está chamando a atenção de verdade, é: Conteúdo com “marca humana”. As plataformas já estão priorizando o áudio cru, o vídeo sem edição perfeita, frases que não parecem escritas por um robô, a estrutura que não é padronizada. Isso é crucial.
Formatos mais longos e sem roteiro fixo: a conversa, o podcast sem cortes perfeitos, o vídeo que não tem medo de divagar um pouco.
Isso reconstrói a confiança, porque mostra um ser humano por trás, e não um editor seguindo um framework.
As pessoas estão sentindo: Simples assim. A gente evoluiu para detectar o falso, e o conteúdo que foi moldado demais pela inteligência artificial que está ficando com uma cara de fake digital.
Essa percepção me leva a pensar que estamos caminhando para uma espécie de Internet dividida.
De um lado, teremos a Internet de conteúdo rápido: otimizada, pesada em IA, totalmente liderada pelo algoritmo, onde a velocidade e o volume são reis com a evolução da automação de marketing de conteúdo para blogs e redes sociais.
E do outro, a Internet de conteúdo humano: mais lenta, mais profunda, guiada pela personalidade e pela opinião real.
Não acho que uma vá sumir. Ambas vão existir, mas os criadores terão que fazer uma escolha clara: em qual camada vão jogar?
Vão tentar vencer o algoritmo na sua própria regra, ou vão usar a nossa humanidade como o verdadeiro diferencial?
Fico curioso para saber como os outros aqui estão se virando. Vocês também estão sentindo essa “mesmice” crescer?
E, mais importante, como é que vocês estão mantendo a humanidade no que criam, sem cair nessa armadilha de volume e perfeição artificial?
Essa é a chave para o futuro do nosso trabalho, sem dúvida.