Já percebeu como o termo “agência de marketing” banalizou? Parece que virou o novo “consultor” dos anos 90. Você abre o LinkedIn ou o Instagram e tropeça em dezenas de novas empresas que prometem revolucionar o seu negócio digital.
O sujeito aprendeu a agendar posts numa ferramenta gratuita, fez um curso de final de semana sobre tráfego pago e – pronto – atualizou a bio para CEO de uma agência de marketing.
Não me entenda mal, eu respeito quem está começando. Todo mundo começa pequeno, inclusive eu. O problema é a distorção do que realmente significa fazer marketing.
O mercado está inchado de prestadores de serviço operacionais que vendem execução como se fosse estratégia. E essa diferença é brutal para o bolso de quem contrata.
A confusão entre ferramenta e estratégia
O que mais vejo por aí é uma confusão perigosa entre o meio e o fim. Saber mexer no Gerenciador de Anúncios da Meta Ads, Google Ads, TikTok Ads ou criar uma arte bonitinha no Canva, no Photoshop é uma habilidade técnica. É operacional. É apertar botão.
Isso é necessário? Sim, claro. Mas isso não é, nem de longe, o jogo completo. Uma agência de marketing de verdade não vende apenas “posts” ou “cliques”. Ela vende inteligência de mercado.
Quando você senta com profissionais de marketing sérios, a conversa não começa com “qual cor vamos usar no post de terça-feira”.
A conversa é sobre quem é o seu cliente, qual a dor dele, como está o seu time de vendas, qual a margem do produto e como vamos posicionar a marca para que ela não seja apenas mais uma na prateleira digital.
Mas o que acontece na prática?
Muitas dessas novas empresas digitais focam exclusivamente na vitrine. Elas entregam vaidade.
Você recebe um relatório lindo no final do mês dizendo que teve 500 curtidas e 20 comentários. O ego infla. Mas quando você abre o caixa da empresa, o ponteiro das vendas não mexeu um milímetro.
Isso acontece porque a maioria das agências de marketing estão focada em métricas que justificam o trabalho dela, não em métricas que sustentam o seu negócio.
O custo da barreira de entrada zero
A verdade nua e crua é que montar uma agência de marketing hoje custa zero reais. Diferente de abrir uma padaria em Campinas, onde você precisa de forno, balcão, estoque e alvará, no digital você só precisa de um notebook e lábia. Isso atrai muita gente aventureira.
O resultado é um leilão de preços que prejudica todo mundo. O empresário, muitas vezes sem conhecimento técnico, contrata o serviço mais barato achando que é tudo igual. “Ah, marketing é tudo postar na internet mesmo”, ele pensa.
Meses depois, vem a frustração. O dinheiro foi gasto, o tempo foi perdido e, o pior de tudo, cria-se uma descrença no setor. O empresário passa a achar que “marketing digital não funciona”, quando na verdade ele apenas contratou um formatador de posts achando que estava contratando um estrategista de negócios.
Sinais de que a conta não fecha
É fácil identificar quando a promessa é maior que a entrega. Geralmente, essas empresas que se autodenominam agências sem estrutura para tal, evitam falar de vendas. Elas fogem da responsabilidade comercial como o diabo foge da cruz.
Se você perguntar “quanto isso vai me trazer de retorno financeiro?”, a resposta costuma ser evasiva, cheia de termos em inglês para confundir, focando em “branding” ou “awareness” – que são importantes, mas não pagam boleto se não houver um plano de conversão por trás.
Uma estrutura de marketing real precisa ser multidisciplinar. Dificilmente uma pessoa sozinha consegue ser excelente em redação, design, tráfego, análise de dados, programação e estratégia de vendas. É humanamente impossível.
Se a agência de marketing é um exército de um homem só (ou a famosa “eugência”), ele pode ser um ótimo freelancer ou um especialista em uma área, mas vender o pacote completo de agência é, no mínimo, arriscado.
O que buscar de fato
Se você está do lado de quem contrata, o segredo é olhar para o histórico e para a profundidade das perguntas que te fazem.
Quem entende do jogo quer saber do seu modelo de negócio antes de te vender um pacote de posts. Quem entende de marketing sabe que o Instagram ou o Google são apenas canais de distribuição, não a estratégia em si.
No fim das contas, o nome que a empresa usa pouco importa. Pode se chamar agência, estúdio, consultoria ou assessoria. O que vale é se eles entendem que o papel deles é fazer o seu telefone tocar ou o seu carrinho de compras encher.
Todo o resto é apenas ruído digital e vaidade disfarçada de negócio.
