Toda vez que surge uma tecnologia nova, aparece um coro apocalíptico decretando o fim dos blogs. Foi assim quando o Facebook explodiu, depois com o Instagram, com o YouTube e, agora, o “assassino” da vez seria a Inteligência Artificial.
Li uma matéria no Valor recentemente que traz especialistas discutindo se vale a pena escrever blog na era das IAs.
O ponto central é se ainda vale a pena gastar tempo escrevendo textão quando o ChatGPT cospe mil palavras em segundos. A resposta curta é sim, mas a resposta real é um pouco mais complexa e exige que a gente tire os óculos cor-de-rosa.
A verdade nua e crua é que a internet está sendo inundada por lixo gerado automaticamente. É um tsunami de conteúdo genérico, raso e que não acrescenta absolutamente nada na vida de quem lê. E é justamente aí que mora a oportunidade de ouro para quem tem negócio de verdade.
O diferencial humano num mar de robôs
O que a IA faz muito bem é organizar informações que já existem. Ela é ótima em criar listas, definir conceitos básicos e resumir dados. Mas ela não tem vivência. Ela nunca teve um cliente reclamando no telefone, nunca perdeu dinheiro numa campanha errada e nunca sentiu o frio na barriga de lançar um produto.
É essa “cicatriz” que dá valor ao seu texto hoje.
Os especialistas apontam – e eu assino embaixo – que o jogo do SEO mudou drasticamente. Antigamente, você podia enganar o Google repetindo palavras-chave. Hoje, com as atualizações focadas em experiência e autoridade (o tal do E-E-A-T), o que conta é se você sabe do que está falando.
Se o seu blog for apenas um amontoado de definições que qualquer um encontra na Wikipédia, esqueça. A IA já faz isso melhor e mais rápido. Agora, se o seu conteúdo traz opinião, análise crítica e aquele toque de “eu estava lá e vi como funciona”, você se torna insubstituível.
Por que sua estratégia de conteúdo precisa amadurecer
Tem um outro ponto que muita gente ignora: a dependência de plataformas alugadas.
Construir toda a sua audiência no Instagram ou no TikTok é arriscado. O algoritmo muda, o alcance cai e você fica falando com as paredes. O blog é terreno próprio. É o seu endereço na web, onde você dita as regras.
O que a matéria do Valor reforça, e que vejo na prática, é que o blog deixou de ser um diário para ser uma ferramenta estratégica de atração. Não é sobre ter milhões de visitas de curiosos, é sobre atrair as pessoas certas.
Um texto bem escrito, que resolve uma dor específica do seu cliente, continua vendendo para você anos depois de ter sido publicado. Tente conseguir esse tempo de vida útil num post de rede social que morre em 24 horas. É incomparável.
Como escrever para ser lido hoje em dia
Não adianta mais escrever para o robô do Google. Você tem que escrever para humanos, mas de um jeito que o Google entenda que é relevante.
Isso significa que o formato mudou. Ninguém tem paciência para enrolação. O texto precisa ser direto, visualmente fácil de escanear e, acima de tudo, útil. Se o leitor entrar na sua página e der de cara com um muro de texto sem formatação e cheio de linguagem técnica desnecessária, ele vai embora e volta para a resposta rápida da IA.
O segredo está na autenticidade.
Use sua voz. Se você é mais informal, escreva assim. Se é mais sério, mantenha a linha. A IA tenta imitar estilos, mas sempre soa meio plástica, meio “certinha” demais. As imperfeições, as analogias do mundo real e até a forma como construímos o raciocínio são o que conectam.
A nova função do blog no funil de vendas
Para quem vive de negócios online, o blog virou uma peça de validação.
Muitas vezes o cliente já sabe o básico (a IA já explicou para ele). O que ele busca no seu site é a confirmação de que você é a autoridade que pode resolver o problema complexo que a máquina não conseguiu.
Então, sim, vale a pena. Mas não do jeito que fazíamos em 2015.
Escrever hoje exige mais cérebro e menos braço. É menos sobre volume e frequência louca, e muito mais sobre profundidade e conexão.
Quem entender que o blog agora é um espaço de conversa entre especialistas e não um depósito de palavras-chave, vai nadar de braçada enquanto a concorrência se afoga tentando competir com robôs.