Antigamente, a gente crescia ouvindo que precisava se especializar. Escolher uma área, cavar fundo e ficar lá até se aposentar. O tal do “especialista”.
Se você sabia um pouco de tudo, te chamavam de pato: anda mal, nada mal e voa mal. Só que o jogo virou. E virou rápido.
Hoje, na era da inteligência artificial, ser generalista deixou de ser sinônimo de indecisão para virar uma vantagem competitiva brutal.
A internet não premia mais quem sabe apenas programar em C++ num nível divino, mas não consegue vender o próprio peixe. Ela premia quem consegue conectar os pontos.
O novo perfil de quem constrói
Eu vejo isso acontecendo o tempo todo nos bastidores dos negócios digitais. O profissional (ou empreendedor) que está voando baixo é aquele que entende um pouco de design, arranha um copy decente, sabe subir uma campanha de tráfego pago e não tem medo de testar novas tecnologias.
Você não precisa ser o melhor designer do mundo. O Canva ou uma IA de geração de imagem resolvem 80% do problema. Você não precisa ser um redator premiado. Se você entende a lógica de vendas e sabe usar sua IA preferida (ChatGPT, Gemini, Claude, Perplexity, etc…) para refinar suas ideias, você já está na frente de muita gente.
A barreira de entrada técnica despencou.
O custo de computação caiu drasticamente. Hoje você aluga poder de processamento por centavos. Não precisa mais de servidores físicos, nem de uma máquina da NASA em casa. A infraestrutura está na nuvem, barata e acessível.
O que sobra então? A capacidade de execução e adaptação.
A falácia do “pato”
Quando eu era mais novo, também achava que ser generalista era uma fraqueza. Parecia que eu estava atirando para todo lado e não construindo nada sólido.
A sensação era de que, enquanto eu aprendia o básico de três coisas diferentes, meu colega especialista estava se tornando um mestre em uma só. E isso gerava uma insegurança danada.
Mas o mercado digital é dinâmico demais para especialistas rígidos. O que funciona hoje no marketing digital pode não funcionar mês que vem. A ferramenta de automação que é líder hoje pode ser desbancada por uma IA amanhã.
Quem sobrevive? Quem sabe aprender rápido. Quem entende o contexto geral e consegue pivotar.
Ser generalista hoje significa ter autonomia. É não ficar travado esperando o “cara do TI” ou o “departamento de marketing” para validar uma ideia simples.
Você vai lá, monta um MVP tosco, escreve o texto, roda o anúncio e vê se tem tração. Se der errado, o custo foi baixo e você aprendeu mais do que a maioria que está completamente perdida no mundo gastando uma fortuna com mentorias irrelevantes. Se der certo, você escala.
Conectando os pontos na era da IA
A inteligência artificial veio para potencializar o generalista. Ela preenche as lacunas de conhecimento técnico que antes gente não tinha (ou ainda não tem).
Eu não sei escrever código complexo, mas sei a lógica e sei pedir para a IA fazer. Pronto, resolvi um problema que antes exigiria contratar um desenvolvedor.
O valor agora está na visão estratégica. Em saber que o design precisa conversar com o copy, que precisa estar alinhado com a oferta, que depende da tecnologia certa para ser entregue.
É como ser um maestro. Você não precisa tocar todos os instrumentos com perfeição, mas precisa saber como eles soam juntos para criar música.
Então, se você se sente meio “disperso” por gostar de várias áreas diferentes, relaxa. Você provavelmente está montando o arsenal perfeito para os próximos anos.
A habilidade de aprender o que o momento exige vale muito mais do que um diploma empoeirado numa parede.